O hábito dos felinos esconderem sinais clínicos pode atrasar a detecção de doenças e comprometer o tratamento
Os gatos foram domesticados há cerca de 10 mil anos, mas ainda carregam o instinto dos seus antepassados, que viviam vulneráveis em florestas e precisavam demonstrar agilidade e força para não se tornarem alvo dos predadores. Por este motivo, mascarar os sinais que vão evidenciar um quadro de dor é a forma de defesa do felino não demonstrar fraqueza no ambiente em que vive.
E como é possível identificar quando um gato está sentindo dor ou desconforto? A dica é ficar atento a qualquer mudança no comportamento do animal. A falta de apetite é um dos primeiros indicativos que o gato pode estar sentindo algum tipo de dor. Ficar quieto, se isolar, alterar hábitos alimentares e de higiene, também podem ser indícios de desconforto. A médica veterinária da rede de farmácias de manipulação veterinária DrogaVET, Alessandra Farias, explica: “Quando o gatinho que era amoroso já não gosta mais de receber carinho e fica mais agressivo ou quando perde o interesse de brincar, por exemplo, alguma coisa errada está acontecendo”.
Dificuldades de locomoção, muitas vezes, estão relacionadas a doenças que causam inflamação nas articulações do gato e provocam dor. Se perceber que o bichano tem dificuldade de saltar, subir e descer móveis, é possível que esteja sentindo algum tipo de incômodo. É fundamental prestar atenção na rotina do animal e observar se os seus movimentos estão diferentes, como andar curvado ou mudar a posição de dormir. “A doença articular degenerativa (DAD), caracterizada pela degeneração e inflamação nas articulações, é a causa mais comum de dor crônica em gatos, prejudicando muito a qualidade de vida dele”, esclarece a veterinária.
Mudanças no ato de urinar também são importantes sinais de que algo não vai bem. Quando o gatinho vai até a caixa de areia e não consegue urinar ou urina em pouca quantidade ou em locais inapropriados, são indícios de uma provável cistite, inflamação na bexiga que pode causar obstrução da uretra e micção dolorosa. Alteração de apetite e aumento da sede podem estar relacionados a outros problemas renais, que geralmente provocam dor conforme o avanço da doença, mas que precisam de um diagnóstico mais precoce possível para o devido tratamento e acompanhamento.
A veterinária comenta ainda que, ao sentir dor, o bichano também pode apresentar perda de peso, depressão, se lamber excessivamente e ter sensibilidade ao ser tocado em determinada região do corpo e alerta que somente o médico veterinário é capacitado para fazer um diagnóstico, por meio de uma análise clínica e exames e, na sequência, direcionar o pet para o tratamento adequado e seguro.
“O gatinho pode sentir dor ou desconforto por vários motivos e cada caso é um caso. Como nós seres humanos, os pets precisam passar por consultas veterinárias de forma periódica, porque também podem ser acometidos por doenças infecciosas, degenerativas, articulares, distúrbios gastrointestinais, doenças de pele, entre outras”, comenta.
Mais conforto aos pets
Além de conseguir identificar que algo não vai bem com o bichano, outro desafio para os tutores é medicá-los. Para isso, os medicamentos manipulados têm sido uma alternativa para facilitar o tratamento. “Formas farmacêuticas diferenciadas e manipuladas com o sabor de preferência do gato reduzem o estresse do animal, que geralmente não aceita comprimidos e tenta se defender no momento de ingerir a medicação. O filme oral, por exemplo, pode ser colocado no céu da boca, onde o medicamento é absorvido rapidamente. A pasta oral pode ser colocada na boca ou na pata do animal para ele lamber. E as caldas e molhos, colocados sobre a ração ou alimento úmido”, comenta a veterinária. “Mas vale ressaltar que qualquer diagnóstico e tratamento só podem ser indicados por um médico veterinário”, completa.
Comentários